Descubra as principais causas de palpitação e de qual tipo pode ser a sua.

Todo mundo que sente palpitação fica assustado e com medo de ter algo grave no coração. É verdade que a palpitação é o principal sintoma das arritmias cardíacas, mas nem toda arritmia é grave e nem toda palpitação é arritmia.

O que é palpitação?

Palpitação é a percepção dos batimentos cardíacos.

Normalmente não percebemos as batidas do coração, mas quando notamos ou sentimos os batimentos cardíacos chamamos isso de palpitação. 

É comum as pessoas perceberem ou relatarem palpitação quando se deitam para dormir. O ambiente silencioso pode facilitar a nossa percepção das batidas do coração. 

Quando a palpitação não é fisiológica?

A palpitação é pode ser uma resposta fisiológica a algum estímulo como por exemplo: febre e exercício físico. Nessas duas situações o coração acelera como uma resposta normal às demandas do corpo.

Mas as palpitações podem ser um sintoma de arritmia cardíaca. E a simples percepção do coração batendo pode ser causa de ansiedade e medo em algumas pessoas. Então, como diferenciar uma palpitação, isto é, apenas a percepção dos batimentos normais do coração de uma manifestação de arritmia? Vamos entender primeiro que há várias formas de palpitação, colocamos aqui algumas das situações mais comuns.

4 situações que podem fazer você sentir palpitação.

Qual dessas situações é mais parecida com o que você sente?

Situação 1: Sensação de batida forte, mas sem a sensação do coração acelerado. Neste caso a palpitação geralmente é a sensação dos batimentos cardíacos normais que no adulto é cerca de 60 a 100 batidas por minuto. Nas crianças o coração bate mais rápido e pode chegar a 180 batidas por minuto no bebê recém-nascido.  Podemos perceber o coração batendo ao deitar ou quando estamos em ambiente tranquilo e silencioso.

Situação 2: Sensação de coração acelerado, batendo rápido e que acelera aos poucos e desaparece aos poucos também. Ela pode ocorrer quando levamos um susto ou numa crise de ansiedade, ou ainda quando estamos fazendo algum exercício. Observe que pode ser uma resposta normal do nosso corpo para fugir de um perigo ou para correr. Isso ocorre porque o coração aumenta o número de batidas para aumentar o volume de sangue que manda para todo o corpo, principalmente para os músculos terem força para correr ou fugir de um perigo.

As crises de ansiedade costumam ser semelhantes a situação 2. Geralmente, as pessoas com crise de ansiedade têm algum gatilho (medo) que faz o corpo entender que está em perigo e que precisa fugir. O corpo vai liberar substâncias chamadas de catecolaminas que atuam no coração aumentando os batimentos em frequência e força. E é por isso que o tratamento destas crises envolve técnicas de relaxamento e tratamento das causas, dos fatores que desencadeiam a crise.

Situação 3: Sensação de coração acelerado, que começa subitamente e desaparece subitamente. Esta situação é mais sugestiva de arritmia. O início súbito e desaparecimento súbito são indícios de taquicardias paroxísticas. Mas não são todas as arritmias deste tipo que são graves, apesar de causar muita ansiedade e medo, a maioria é benigna, pode ser controlada com medicamentos e dependendo do tipo pode ser necessário a ablação. 

A ablação é um procedimento como uma “cauterização”, realizada durante o estudo eletrofisiológico que é um exame um pouco mais invasivo, semelhante a um cateterismo onde analisamos a parte elétrica do coração. Este exame pode ajudar a esclarecer e confirmar o tipo de arritmia e tratá-la. Ele é indicado para casos que de fato vão se beneficiar do exame. 

Nos casos de arritmia grave ou com risco de levar à morte súbita, que são a minoria dos casos, pode ser indicado o implante de um aparelho tipo um marcapasso especial chamado cardiodesfibrilador implantável.

Situação 4: Sensação de que o coração saiu do ritmo, ou bateu fora de hora. Algumas pessoas se assustam ou tem sensação de que o coração “saiu do lugar” ou sente como se fosse uma pontada ou uma batida mais forte no peito. Geralmente ocorre na presença de extra-sístoles, ou seja, batimentos precoces e fora de hora, que de fato tiram o coração do ritmo certo. Não costumam ser graves e ocorre de forma intermitente, podem levar dias para ocorrer novamente. Este tipo, geralmente, melhora com medicamentos que um cardiologista pode lhe receitar.

O que você precisa saber sobre a sua palpitação?

Anote num papel, como é a sua palpitação. Você sente o coração acelerado ou descompassado? Qual a duração da palpitação: alguns segundos; minutos ou horas? É continua, dura dias ou é esporádica, passa semanas sem sentir nada?

Você precisa saber que as características da sua palpitação ajudam seu médico a fazer o diagnóstico da causa da sua palpitação. E a primeira coisa que você deve fazer é prestar atenção nos detalhes acima e informar ao seu médico.

Ela começa de forma súbita ou você percebe o coração acelerando aos poucos? O que faz a palpitação melhorar? Ela melhora subitamente ou aos poucos? Há alguma coisa que você faz, que ajuda a melhorar? Tossir, respirar calmamente ou prender a respiração ajudam a passar o sintoma?

Há alguma coisa que faz a sua palpitação aparecer? Preste atenção, inclusive em seus pensamentos.

Vou deixar aqui, algumas fatores  que podem desencadear palpitação:

  • esforço físico
  • alimentação
  • pensamentos de medo ou de preocupação
  • mudanças súbitas de posição
  • estresse
  • raiva
  • medo
  • privação de sono
  • consumo de algum alimento ou bebidas, como por exemplo: álcool, café, estimulantes, consumo de drogas

Há algum outro sintoma associado à palpitação?

  • tontura (sua visão fica embaçada?)
  • sudorese (você sua muito, quando tem palpitação?)
  • palidez (as pessoas ao seu redor relatam que você perdeu a cor?)
  • dor no peito (como ela é? Tipo pontada, agulhada, aperto ou queimação?)
  • dor de cabeça
  • desmaio (você perde da consciência, quando tem palpitação?)

Agora que você já anotou tudo, pode precisa procurar um cardiologista para fazer o diagnóstico da causa da palpitação. O Dr. Google não vai te tratar como um ser humano de verdade. E lembre-se a doença pode ser a mesma. Mas você é único, e portanto, em você ela pode ter características únicas.

causas de palpitação

Há várias causas, algumas muito frequentes e outras muito raras.

  • arritmias benignas do tipo extra-sístole
  • arritmias benignas do tipo taquicardias paroxísticas
  • arritmias malignas do tipo taquicardias ventriculares sustentadas
  • taquicardia postural ortostática
  • taquicardia sinusal inapropriada
  • consumo de substâncias estimulantes: cafeína em doses altas, nicotina, anfetaminas
  • suspensão abrupta de medicamentos, exemplo: suspensão de medicamentos betabloqueadores
  • insuficiência cardíaca
  • doença. Pulmonar crônica
  • dor
  • desidratação
  • infecção
  • hipertireoidismo
  • anemia
  • feocromocitoma
  • crises de ansiedade

quando a palpitação pode ser devido a arritmia grave?

Há maior risco de arritmia maligna se você já teve infarto ou tem alguma doença cardíaca já diagnosticada.

Quando a palpitação ocorre junto com a perda súbita da consciência ou princípio de desmaio ou quando é desencadeada pelo esforço físico também há maior risco de a causa da palpitação ser alguma arritmia com maior risco de vida. Nesses casos, não perca tempo. Consulte um cardiologista.

quando se preocupar com as palpitações?

Os idosos, principalmente se portadores de hipertensão arterial, obesidade, diabetes, problemas cardíacos prévios têm mais chance de ter a Fibrilação Atrial que é uma arritmia responsável pela ocorrência de acidente vascular cerebral.

A presença de dor no peito em aperto, falta de ar, tontura, sensação de desmaio e desmaio associados à palpitação são sinais de gravidade.

Se você sente ou já sentiu palpitação procure observar quando elas acontecem, se tem início súbito ou se o coração acelera devagar, se ocorre apenas quando está em ambiente tranquilo sem o aumento da frequência das batidas do coração, o que faz ela aparecer e se tem algum outro sintoma associado, como tontura, dor no peito, falta de ar ou desmaios.

Se você já tem algum problema cardíaco, já teve infarto ou apresentou algum dos sintomas acima associados a palpitação procure um médico cardiologista ou até mesmo um pronto socorro para registrar o eletrocardiograma e avaliar o tipo de palpitação que você tem. Mantenha a calma e peça ajuda. Não dirija durante as crises de palpitação.

O eletrocardiograma é o exame que deve ser feito no momento da palpitação para dar o diagnóstico correto da sua causa.

Ele também poderá ser registrado após o término da palpitação, as vezes sendo possível descobrir a causa, outras vezes não. Após a avaliação de todos os seus sintomas, histórico médico e eletrocardiograma poderá ser necessário outros exames como o holter de 24h ou monitorização de eventos prolongada. Tudo isso o seu cardiologista poderá discutir com você e explicar como cada exame é realizado.

Lembre-se de que nenhum artigo de internet será capaz de fazer o diagnóstico correto dos seus sintomas. Eles apenas te ajudam a entender melhor os seus sintomas de modo que você consiga explicar melhor o que sente para o seu médico.

quais exames fazer para diagnosticar arritmia?

Os exames mais importantes são:

  • eletrocardiograma

  • holter de 24h

  • ecocardiograma transtorácico

  • um teste ergométrico 

Você deve ter percebido que o diagnóstico da causa da palpitação precisa de uma boa avaliação médica para excluir doenças com risco de vida e para que o tratamento seja mais adequado a cada caso.

Lembre-se: a doença pode ser a mesma, mas VOCÊ É ÚNICO. O seu tratamento precisa ser adequado para o seu tipo de palpitação e garantir que você tenha uma boa qualidade de vida.

Dra.Virginia Braga Cerutti Pinto

  • Cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

  • Membro da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC)

  • Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

  • Título de Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

  • CRM: 117.977 – SP     

  • RQE Clínica Médica: 41.829

  • RQE Cardiologia: 41828

O DR. google te ajuda a ser mais informado, mas ele não cuida de você como um médico de verdade.